segunda-feira, 26 de setembro de 2016

MEDITAÇÕES XLII


Não há rio que não tenha
um oceano onde morrer.
Mesmo diante da pedra
que lhe perturba o rumo,
a fluidez de ser permite torneá-la.

Se certas águas adormecem
no falso embalo das lagoas,
tal apenas se sucede pelo fluxo
da corrente se ter negado.

Poderão temer o seu diluir
naquela imensidão de águas
a que nunca deixaram de pertencer,
mas nenhuma lagoa será eterna.

Ainda que a semente necessite
dum derradeiro impulso para assim
dar lugar ao promissor rebento,
ainda que à borboleta se exija
um derradeiro esforço para romper
o seu torpe sono de lagarta,
a via tão subtil da existência
pauta-se por claros contornos:

não-resistência.








(Fonte: extremekindness.com)


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