segunda-feira, 30 de maio de 2016

MEDITAÇÕES XXXVI


O rio da vida.

Serpenteando por montes
e vales, cobrindo planícies;
correndo como potro indomável,
vogando como pequeno barco
na calmaria das marés.

O rio da vida.

Afaga flores, pedras e frutos,
canta no topo das árvores,
abraça o vento sem o desviar
da incerteza de sua rota.

Todos os pássaros o conhecem,
pois nele todos saciam a sede.
Quem aí reconhecer a sua raiz,
entoará hinos de louvor e gratidão.

De nada se poderá dizer separado.
Em cada ondulação é algo de novo,
e todo o seu correr é uma canção.

Quem com propriedade poderá dizer
donde vem, para onde irá?

O rio da vida: do qual o Homem
é breve gota, cintilando na ilusão
do poiso de suas margens.














segunda-feira, 16 de maio de 2016

MEDITAÇÕES XXXV



A fresca flor que hoje viceja,
será amanhã eco de poeira
solta sobre estrada vazia.

A nuvem que pela manhã chora,
será rio na noite buscando
um largo oceano onde morrer.

A ave na primavera cantando
no alto da verdejante árvore,
será no outono a doce trova
doutra terra de poemas e canções.

O fruto que à luz dourada
apura os seus encantos de mel,
será numa sombra efémera
o alimento do corpo faminto.

Como poderá o Homem dançar
por dias de impermanência?

Na abundância, sê generoso;
na escassez, sê grato.








(Fonte: omegamassage.ca)