quinta-feira, 28 de abril de 2016

MEDITAÇÕES XXXIV



Descobre o pássaro
que há em ti.

Depois, encontra um ramo
onde poisar e com o vento
partilhar a tua trova.

Todo o pássaro sabe ser
uma espécie de flor alada:
no auge da estação,
oferece às aragens, aos frutos,
às pedras, aos rostos,
o aroma da sua rima mais pura.

Simplesmente canta:
canta, canta, canta.
E a existência toda, por tua batuta,
dará os passos que seguem
o ritmo duma dança eterna.

Quando o amor vier para ti,
será então como outro pássaro
que a teu lado escolheu poisar,
desejoso por juntar cada nota
do seu canto ao teu.



PBC.






(Fonte: www.pinterest.com)




segunda-feira, 11 de abril de 2016

MEDITAÇÕES XXXIII



Observa as manhãs de orvalho,
quando um sem fim de gotas
reluz sobre pétalas e folhas
recém-despertas.

Uma multidão aquosa,
onde nenhuma gota reflecte
um reflexo puramente igual:

por cada perspectiva,
uma cor do mundo emerge;
por cada voz alteando-se,
uma história de cristal se relata.

E são tantas sorrindo ao sol-criança,
tantas no perfeito abraço
ao ser-só que as faz ser o que são,
tantas sem pensamento de rio
ou desejo de vento brusco.

Observa as manhãs de orvalho.
Verás subitamente o brilho maior
que em nenhuma se nega:
a viva marca do oceano
que em segredo nelas vive.







(Fonte: www.goodwp.com)