quinta-feira, 17 de março de 2016

MEDITAÇÕES XXXI



Atenta na palavra
a que desejas dar vida.
Atenta na razão,
na necessidade de tal palavra,
e indaga se ainda a desejas
inflamar de vida.

Pois o silêncio revela melodias
que o ruído da palavra tinge,
como púrpura mancha
corrompendo a brancura
da virgem cambraia.

Silêncio sem vigilância
é uma espécie de enterro
onde o espírito míngua,
vergado a um fundo peso
que se não esvazia.

Quando o outro rosto
do silêncio assomar ao ser,
saberás do êxtase da quietude

– e da tão bela canção
que a borboleta à flor segreda,
como que pedindo permissão
para em suas pétalas poisar.



PBC.







(Fonte: imgmob.net)


sexta-feira, 4 de março de 2016

MEDITAÇÕES XXX



É doce a ilusão
que conduz o pensamento:
o amador escolhe o amado.

Haverá semente que escolha
a terra onde cumprir
o seu desígnio de flor ou fruto?

Que a visão se apure:
no amor o ser não escolhe,
no amor o ser é escolhido.

É essa a sua bênção maior.




PBC.






(Fonte: www.pinterest.com)