segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

MEDITAÇÕES - III



Nunca a rosa foi ou será
mais viçosa que na hora
em que a tocas, observas e cheiras.


Ontem, era sonho.
Amanhã, será morte.

(Sonho é deslumbramento.
Morte é transmutação).


O manto que veste
a efemeridade de tudo
tece-se duma nobre e melancólica beleza.

Não serão os lírios belos,
mas tristes porque findam?
Enquanto isso, colorem
as orlas do jardim.


E não será o voo da andorinha ímpar,
mas dorido porque cessa?
Enquanto isso, canta
o dia que a abraça.

Ou talvez tudo seja apenas
aquilo que é: realidade pulsando
além do julgamento, da percepção,
do entendimento.

E somente de teus olhos jorre a água
que dilui o invicto brilho,
secretamente pulsando
no interior de cada disfarce.


PBC.






terça-feira, 20 de janeiro de 2015

MEDITAÇÕES - II




Toda a sombra se dissipa
à luz de um sol excelso,
pois toda a sombra se compõe
de luz não desperta.

Se a sombra que ostentas
mora no peso dos receios sem nome,
encaminha o cego olhar
à luz do sol da tua fé.

(Sem despojo
nenhuma fé será possível, 
sem amor
nenhum despojo será verdadeiro).

Se deveras excelso for esse sol,
ao colocares sob a sua luz
a sombra que te oprime,
vê-la-ás, num ápice,
sucumbir diante dos raios
que de pronto a fulminarão.

Da poeira remanescente
farás a tua estrada.




PBC.




(fonte: palidzusev.lv)



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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

MEDITAÇÕES - I


Observa o riacho
fluindo serenamente,

contempla o malmequer
bailando gentil,

escuta o canto
da inspirada ave louvando
o sol onde se banha.

Em teu redor
pulsa a eternidade.

Não agites a folhagem
do dócil salgueiro.

Não se apressam os frutos
e maturam sempre
no tempo que lhes é certo.

Não se sobressaltam os rios
e desembocam sempre
no oceano que os espera.



Pedro Belo Clara.








(fonte: http://slodive.com).