terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mudanças

Um novo ano com novos projectos e novos desejos… Uma nova vida? Um novo Eu? Será que desta vez iremos conseguir parar para reflectir um pouco sobre quem somos e (ainda mais importante) sobre quem queremos ser? Será que desta vez iremos colocar de parte todas as futilidades que nos rodeiam e das quais não abdicamos? Iremos voltar a acreditar de que tudo ainda pode melhorar? Nossas vidas, nossa consciência, nossa atitude perante cada desafio diário? Este texto é essencialmente para aqueles que já se esqueceram de quem eram, aqueles cujos sonhos, esperanças, desejos, se tornaram em substâncias proscritas, completamente banidas de seus lares, vagabundo sem direcção alguma, quais folhas caídas esvoaçando pelo húmido vento de Janeiro.

Essas pessoas, de feridas imensamente profundas e não saradas, olham para aqueles que hoje são como eles foram um dia – corajosos, determinados e prontos a erguerem-se após as quedas, por muitos que sejam os obstáculos do percurso – e suspiram de indiferença. Afinal, ser maduro é ser responsável, é estar limitado a um pequeno mundo de preocupações e receios ridículos, é desacreditar tudo aquilo em que se acreditou, pegar no mundo e pintá-lo com a mais cinzenta das cores. Mas, ironicamente, assim são manipulados por forças que nem sabem existir, completamente entregues a uma condição de membro de obediente rebanho. Sua chama foi apagada e, no seu lugar, consome-se a ideia da ávida sobrevivência, da recta obrigação, da luta inglória por um algo que nunca é alcançado. Sinceramente, e sem qualquer tipo de sarcasmo, admito a minha compaixão por personalidades assim.

A esses que acreditam, que ainda conseguem distinguir as sete cores do arco-íris, eles consideram-nos loucos, irresponsáveis, tolos sonhadores. Eles chamam-nos de loucos! (permitam-me assumir já a condição) E, de facto, nós até o somos – somos loucos por acreditar naquilo em que poucos acreditam, loucos por aceitar correr riscos inconcebíveis e loucos por termos fé de que o impossível é, afinal, possível. Somos loucos porque tentamos empreender sempre o nosso melhor, quer seja em nossas vidas individuais ou colectivas. E é claro que eles nos estranham, a nós e à atitude que definimos como única regra de vivência, pois abanamos os alicerces em que a suas existências se assentam. Eles pensam: “o que é que eles querem que eu faça?”; nós dizemos: “o que é que eu vou fazer?”. E é aí que mora a diferença, é aí que nasce o mote para uma vida tão bela (empreender não porque devemos, mas sim porque queremos).

Existem riscos, claro; mas qual é o caminho que se vê privado de suas pedras? Nós somos aquilo que queremos ser e tudo se resume a uma determinante tomada de consciência. Os hinos gloriosos cantam para nós, sim, pois nós somos aqueles que fazem o futuro! Obviamente, somos humanos e susceptíveis às desilusões, frustrações, derrotas e feridas rotineiras, mas isso nunca nos fará capitular, por mais solitário que seja o caminho. Céus, se todos quisessem, o que não poderia ser feito? Que mudanças não nasceriam? Mas cada indivíduo tem a sua experiência de vida e isso é algo que devemos respeitar.

Quanto ao amigo leitor eu não sei mas, muito pessoalmente, eu não poderia ser de outra maneira. A partir do momento em que duvidasse, a partir do momento em que achasse que tudo era ilusão, eu morreria. Não seria mais do que todos aqueles que estiveram tão perto da genialidade mas que, por medo ou por dúvida, voltaram atrás em sua decisão e mais não foram do que membros medianos e banais de uma sociedade – também ela – mediana e banal. Agora, como sempre, a escolha reside nas acções de cada um: queremos a vulgaridade ou queremos que os Tempos se lembrem de nós? Queremos passar pela vida ou deixar o nosso nome gravado na memória do mundo? Puxando para aqui a famosa frase de um conhecido filme, pergunto qual é o comprimido que queremos tomar: o azul ou o vermelho? Cada escolha tem a sua consequência. Estareis vós prontos para assumi-las?

Um forte abraço e, acima de tudo, façam por ser felizes! 

PBC.

2 comentários:

  1. também eu perdi a minha dose de loucura algures durante a vida! maném a tua sempre viva! namasté.

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