segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Novos rebentos (II)

II.
A beleza bucólica sempre é
Aprazível ao olhar simples e atento,
Mas muito para além disso,
Além das fronteiras marcadas
Pelos restos das imagens passadas,
Há hoje um ténue ruído vibrante
Que se torna ainda mais pulsante
Com o preciso contar dos momentos.
Em torno de mim mesmo,
Habitual viajante que vagueia
Pelos cenários do quotidiano,
Todo um conjunto anónimo e invisível –
A breve parte de um centro maior –
Opera com fins de futuro,
Fincando silenciosamente
As raízes daquilo que há de nascer.
Inserido nas rudes estações
Que nestes tempos persistem,
É isso que é deveras aprazível.

Noutros ventos,
Cantaria eu toda a beleza singela
Que povoa cada recanto de tal cenário,
Mas todas as canções são silenciosas
E é tempo de compor uma melodia
Que se faça ouvir no horizonte.

Pela aridez do que baqueia
E perece e apodrece lentamente,
Novos rebentos estão a irromper,
Encerrando em si novas sementes,
Novos aromas a serem exalados
E que, nestes corredores de tempo,
Proliferarão por cada galeria enegrecida,
Implementando os pilares derradeiros
Que, salvaguardando o belo
Que entre nós ainda subsiste,
Sustentarão as novas manhãs,
Desejosas por viçosas brotar
E por finalmente abençoar
Cada semblante que, reanimado,
Se volteará na direcção do verdadeiro Sol.


(Pedro Belo Clara – 20/11/2010).


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